quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

agir ou não agir, eis a questão

Duas posições (pelo menos duas) podem ser tomadas no que toca a um possível pessimismo relativamente ao facto de sermos ou não livres: i) negarmos uma qualquer liberdade; ii) afirmarmos uma "nova espécie" de liberdade.

Em que consiste a primeira posição? Se, de facto, não somos livres, que adianta continuar a agir? Em que é que se torna o agir, aliás? Há alguma acção, no fundo? Será que há reacção, sequer? De facto, temos que cair, necessariamente, nesta acepção - se acreditarmos que não somos livres: não sendo livres, não agimos; ou, pelo menos, só agimos ilusoriamente, isto é, é ilusório pensar que há alguma acção (ou mesmo reacção) vinda da nossa parte. O que quero dizer é que, não sendo livres, não escolhemos como agir ou não agir - o que em última instância poderá significar que não agimos. Ou será que não é assim?

Como alternativa, temos uma posição activa, criativa; a segunda posição consiste em afirmar uma crença na possibilidade de "criar uma nova espécie" de liberdade. Uma que nos torne responsáveis pelo que fazemos, pelo que escolhemos fazer (mas note-se, não se trata de algo que nos culpabilize por aquilo que gostamos ou não gostamos, pois aí, penso, já não temos controlo nenhum). Esta segunda posição interessa mais à sociedade, à permanência desta: pensarmos que somos responsáveis pelo que fazemos, ou decidimos fazer, dá-nos a possibilidade de melhorar (ou assim queremos crer) e de nos tornarmos no nosso melhor possível, fazendo assim com que (já) seja possível sermos uma ponte para algo melhor (como quis defender O Mestre). Adiante...

Vemos muito facilmente como o conceito de responsabilidade se torna o centro de todo este círculo, ou, pelo menos, uma das características desse centro. A questão que vai ficar em aberto por agora é: é-nos possível criarmos uma "nova espécie" de liberdade? Olhando para mim, e para vos otros, não vejo liberdade genuína. Vejo ainda mais 'estímulo-reacção ao estímulo', do que 'acção-reacção' (esta última, por si só, já seria absolutamente negativa). Que esperança nos resta? Há alguma esperança, ainda? Temos, nós, humanidade, indivíduos, alguma esperança em nós, ainda que seja muito pouca? Ou já não importa, e seja o que deus quiser?

«Deus está morto» Friedrich Nietzsche.

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